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domingo, 1 de janeiro de 2012

Sinopse Império de Casa Verde 2012

Enredo: Na ótica do meu Império o foco é você.


ABERTURA: A ÓTICA FÍSICA

Começamos o nosso enredo com os olhos abertos e aguçados como os de um tigre mostrando os preceitos e as leis da Física Ótica. As propriedades da luz, sombras e a modificação das propriedades do facho e das cores sob a visão de suas teorias.
Mostraremos como funciona um olho e como elementos cristalinos modificam e iludem este "olhar".
Presentes estarão os conceitos de refração, reflexão, transparências, aumento, diminuição e multiplicação de imagens além das várias formas de se enganar a visão por meio de simples desenhos que deturpam e causam movimentos em objetos estáticos. Será um passeio sobre as contribuições das antigas civilizações e personagens pensadores para o desenvolvimento da Física Ótica, mostrada de forma lúdica e inventiva, resumindo o raciocínio do nosso conceito de Enredo.


1º SETOR: LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES

Desde os primórdios da historia da humanidade a curiosidade sobre as transformações dos objetos inicialmente sob as águas entre outros fenômenos levaram o imaginário humano a elocubrar como tais fenômenos aconteciam.
Uma das mais antigas civilizações; a Egípcia, que através de seus pensadores e arquitetos utilizaram de forma muito inventiva a propriedade das sombras dos objetos sob qualquer luz para estabelecer medidas. É o começo das contribuições dos egípcios para o campo da Ótica.
Os mesmos foram os primeiros a desenvolver o vidro com o aquecimento de um fino pó de grãos de areia cristalizada. Inicialmente a finalidade deste vidro era apenas para as artes decorativas, era colorido porem não translúcidos. Ao se fabricarem as primeiras bolhas transparentes os olhares mais atentos observaram um fenômeno inesperado; a transformação de imagens quando a tal bolha para a direção apontasse.
Com o desenvolvimento do polimento dos vidros para joalheria, mesmo que as massas vítreas não fossem puras os efeitos da deformação das imagens se tornavam mais eficientes assim surgindo o embrião das lentes.
Não muito longe dali, no que hoje chamamos de Oriente Médio os árabes desenvolveram outro tipo de objetos também capazes de deturpar de forma controlada as imagens. Criaram superfícies de metal polido com formas circulares côncavas e convexas para aumentar e diminuir respectivamente as cenas manipuláveis.
Os mesmos árabes que já tinham a habilidade de manufaturar garrafas de vidro observam que ao enchê-las de água produziam um outro recurso para ampliar imagens. Muito útil para a escrita e leitura de pergaminhos, já que estes foram os pioneiros em criar símbolos para os sons falados em detrimento dos desenhos figurativos muito utilizados pelos egípcios para organizar idéias.
Com o passar dos séculos na mesma região mediterrânea outra habilidosa civilização aperfeiçoa a tarefa de purificação do vidro. Estamos descrevendo agora os Gregos que; ávidos por conhecimentos aprendem dos egípcios e dos árabes as técnicas e contribuem com o vidro moldado e soprado dobre superfícies.
Observadores e estudiosos de anatomia descobrem no formato da íris humana uma forma de reproduzirem estas, logicamente em tamanhos bem maiores em vidro. Os mesmos após dominarem as técnicas da moldagem em côncavos e convexos agora começam a manipular superfícies em bicôncavas e biconvexas alem das côncavoconvexas, estabelecendo assim novas utilidades e aplicações para tais lentes.
O beneficio para a visão dos mais velhos e a ampliação dos céus noturnos são algumas das melhorias introduzidas por esta civilização.
Da mesma forma que os gregos aprenderam outra civilização se beneficiou com tais conhecimentos. Os Chineses que eram grandes comerciantes levaram para o seu território estas curiosidades. Neste caso apenas uma questão de tempo para estes serem os mentores de mais um invento no campo da manipulação de imagens.
Conforme descritos em antigos textos da segunda dinastia chinesa, foi quase por acaso que se deu a conjunção de duas ou mais lentes em um mesmo objeto, pois como relatado curiosamente um vidreiro observou e se assustou quando segurando uma lente em direção ao chão o foco se convergiu com uma outra lente caída e apoiada em uma fresta no assoalho viu um crustáceo apoiado em uma rocha sobre o mar. A casa deste vidreiro ficava em uma encosta alta e o fim desta dava para o Oceano.
Após o evento o habilidoso e criativo vidreiro enclausura duas lentes em dois tubos de bambu e em posições diametralmente opostas criando assim a primeira luneta, um dos aparelhos que alavanca os chineses as suas grandes navegações e posteriormente os Europeus.
Alem dos estudos teóricos, na pratica, narramos os mais importantes legados deixados por estas grandes civilizações pré-cristãs.


2º SETOR: MELHORANDO O OLHAR.

Introduzimos o setor com uma relevante informação histórica para um melhor entendimento desta fase do Enredo. A queda do Império Romano faz com que em dez séculos se percam conhecimentos e escritos da maioria das civilizações conquistadas por eles. Em contra partida a ascensão do catolicismo tenta de forma quase inglória resgatar o pouco que resta destes conhecimentos confinando-os em mosteiros e conventos principalmente na Europa e com o mesmo intuito dos Cesares; manter o povo na ignorância e o conhecimento restrito a poucos, nas Igrejas e nos castelos e palácios Reais.
Como existia uma necessidade física de se manter tais conhecimentos a igreja alfabetiza monges para que estes virem escribas copistas ou tradutores de documentos das mais variadas ordens eclesiásticas e de outros centros de conhecimentos antigos ou da época.
Paralelamente povos que se viram na condição de subjugados providenciaram a transmissão de conhecimentos na forma verbal e pratica. Assim a manipulação do vidro se difunde através dos séculos na Península Itálica saindo da sua origem nas Ilhas Gregas ate chegar em cidades cosmopolitas como Veneza, mais próxima aos núcleos de entrada do continente europeu pelo Mediterrâneo.
É de lá que se produz à demanda de lentes de mesa para a Igreja Católica de quase toda a Europa e é importantíssima para a confecção de livros, não só pela maior facilidade de se enxergar de forma ampliada os desenhos e palavras como também de manter mais tempo na ativa os experientes escribas anciãos. Problemas relatados constantemente nos Séc X e XI.
Já o Séc XIII despontaria como o do inicio da produção dos óculos.
Como dito antes bastaram menos que duzentos anos para que experientes vidreiros Venezianos desenvolvessem lentes mais precisas manipulando o nobre cristal saído virgem da terra e polido com pasta de outros minerais e água ou como pregava a antiga tradição, criar uma mistura de pós de cristal finíssima e quando em estado incandescente enforma-las para a para a moldagem de lentes de toda a ordem. A vantagem a essas alturas consistia em deixá-las mais leves e com grau de pureza alto propiciando mais precisão.
Os clientes em potencial permaneciam os mesmos, a Igreja e os nobres governantes como; Reis e poucos privilegiados nas cortes ou proeminentes comerciantes. A aplicação destas novas lentes direciona-se aqueles mais idosos com “vista cansada” ou com o auxilio do novo profissional “oculista”, para corrigir algum defeito de nascença.
Aos poucos e com modismos outros objetos são introduzidos na sociedade européia principalmente com o passar dos séculos, do pincenet, aos óculos de nariz, do monóculo aos óculos de hastes e outros de caráter mais especifico como os pequenos binóculos para ambientes confinados, estes feitos como duas pequenas lunetas com foco regulável via rosca com sem-fim ou apenas uma sanfonagem manual.
A primeira grande mudança na utilização prática dos óculos data da primeira metade do Séc XIX quando se consegue a planificação perfeita de pequenas quantidades de vidro ou cristal e adicionando-se uma mistura de outros minerais concedendo ao mesmo uma cor azul profunda criando assim o óculos para proteção solar. Estes óculos sem grau algum podiam ser usados por qualquer pessoa, virando assim a “coqueluche” da moda na época e em todos os demais séculos a seguir.
Dois outros avanços têm sua origem também no Séc XIX. Primeiramente citaremos o avanço da fotografia que incorpora lentes à caixa de exposição concedendo mais versatilidade e precisão ao equipamento do qual o nosso imperador D. Pedro II tanto foi entusiasta.
Outra novidade vem para assombrar o mundo do entretenimento; a Moviola, antecessora do Cinema abre novas perspectivas de projeção de imagens em movimento se tornando o furor de Paris e Londres da segunda metade do século.
Outros objetos marcaram sua época e seu uso acaba por direcionar os personagens que o manipulam ou uma profissão que o utilize. No caso mais famoso citamos a lupa de aumento que era mais um dos apetrechos do “Kit” dos investigadores britânicos e que ironicamente identifica o famoso detetive Sherlock Holmes eternizado na literatura e posteriormente no cinema. 


3º SETOR: ÚTIL E NA MODA.

Ao analisarmos o objeto “óculos”, suas múltiplas utilidades nos colocam frente a frente com várias curiosidades. Uma delas vem do Ártico através das tribos de esquimós que, por terem durante séculos vivido isolados dos ditos centros civilizados, desenvolveram este objeto esculpido em ossos de baleia com formato de “óculos”, entretanto sem a existência de uma lente propriamente dita; ao invés disso, eles posicionavam de forma horizontal uma série de aletas que, dispostas corretamente, lembram uma persiana que protegiam e desviavam os raios solares da direção dos olhos. É um objeto conhecido com utilidade também conhecida, porém construído de uma maneira completamente diferente sem perder sua essência. Esse formato foi copiado por designers na década de 80 e fabricado em plástico
colorido tornando-se um grande sucesso entre os jovens.
Voltando à civilização, uma grande novidade se dá no final da década de 30 e início da década de 40, quando a Força Aérea Americana encomendou a uma fábrica de óculos a criação de uma lente capaz de filtrar os raios U.V. surgindo assim o primeiro óculos com formato semelhante ao perímetro horizontal de um ovo e o vidro na cor verde.
Esses óculos marcaram toda uma geração de pilotos na que ficou conhecida como Segunda Guerra Mundial e se mantém até os dias atuais como acessório para aviadores do mundo inteiro, além de ter se tornado um grande ícone da moda.
Óculos marcaram época através de seus formatos, cores e das personalidades que os usam e usaram.
Evidenciaram atitudes transgressoras ou não, identificaram as pessoas demonstrando sua “tribo”, seu modo de agir e de pensar, suas idéias e ideais.
Nas décadas de 60 e 70do século XX, o Rock já consolidado assina a moda e os acessórios utilizados pelos seus apreciadores. Um dos ícones deste movimento foi o chamado óculos de gatinho, amplamente usado pelos “antenados” de ambos os sexos.
Outros formatos de óculos marcaram mais pelos personagens que os usaram do que pelos próprios movimentos a que estes personagens pertenceram. Exemplos como Mahatma Gandi, General Patton, John Lennon, Audrey Hepburn, James Dean, Elton John e mais recentemente Madonna e Lady Gaga entre outros, marcaram suas épocas e influenciaram nas divisões tribais da sociedade moderna.
Nos dias atuais, os óculos transcenderam sua real função para ganhar status de moda mesmo que sejam para corrigir a visão assim como para a proteção dos olhos.
À parte desta questão “fashion” os óculos vêm continuamente evoluindo para melhor atender as mais exigentes demandas.
Os óculos de cristal sejam de grau único ou bifocal sofreram uma grande modificação entre os anos 50 e 60do século passado, quando foram introduzidos os polímeros (plásticos e acrílicos) em sua construção, dando mais leveza e resistência aos mesmos.
A evolução do multi-focal, lentes com propriedades foto-cromáticas e polímeros que se ajustam em seus focos por impulsos eletrônicos são realidades cada vez mais presentes no nosso cotidiano e como curiosidade, as lentes de contato que um dia foram rígidas e de vidro, hoje são gelatinosas e muito mais eficientes além de serem utilizadas também no campo estético permitindo a mudança da cor dos olhos.
Ainda na área tecnológica, óculos de realidade virtual já são corriqueiros para os que lidam com games em consoles ou computadores e novas técnicas já começam a ganhar espaço com o público. Caíram em desuso os antigos óculos de papel com uma lente verde e outra vermelha para se dar a noção de tridimensionalidade em projeções de cinema e vídeo;os novos equipamentos nos contemplam com óculos que abrem e fecham suas lentes eletrônicas em velocidades compatíveis com a sensibilidade das nossas retinas e, com programas e filmes gravados em câmeras paralelas equipadas com lentes nanoprecisas, nos dá a sensação exata da cena em “3D”, e a evolução continua com pesquisas cada vez mais ousadas das empresas de eletrônicos.
Na Oftalmologia (ramo da medicina que cuida dos olhos) a evolução se dá a passo largos e de forma contínua, com novas técnicas de correção cirúrgica e novos óculos capazes de se moldarem às mais amplas necessidades dos pacientes.
Hoje existem lojas especializadas – as Óticas – capacitadas para atenderem a todas as demandas de um público cada vez mais exigente.
Os óculos de proteção são uma variedade de utilização deste objeto tão importante que faz parte de nosso dia a dia. Os mais populares são os de natação, de mergulho e os industriais seguidos pelos utilizados na Medicina entre outros das mais variadas aplicações.


4º SETOR: DO MICRO AO MACROCOSMO

A evolução dos óculos através dos tempos está intimamente ligada à evolução das lentes como já foi visto antes.
Entretanto, outras áreas foram amplamente beneficiadas com estes conhecimentos: a Biologia e a Medicina são exemplos disso quando falamos de equipamentos de microscopia, o mesmo se dando em todas as áreas onde são necessários registros fotográficos de porte microscópico e de amplitude com a máxima precisão como as câmeras fotográficas utilizadas em aviões e satélites espaciais capazes de mapear a nossa terra e outros planetas.
A Astronomia é um caso a parte, pois em sua evolução teve que retornar aos conhecimentos da Antiguidade.
Com a evolução das lentes e, baseada nas antigas lunetas, os grandes telescópios foram criados para a melhor observação e estudo do universo, mas as lentes cristalinas combinadas já não atendiam ás necessidades das pesquisas, então, vários engenheiros e cientistas especializados em Ótica recorreram à sapiência dos antigos árabes que criaram aquelas peças de metal polido e transformaram este conhecimento em grandes lentes espelhadas capazes de ampliar milhões de vezes uma área específica do cosmo. Esta tecnologia está também incorporada a grandes satélites observatórios como o “Huble”.
Outra forma de exploração do micro e do macro cosmo vem da “laser”, que nada mais é do que a compressão de fótons (partículas de luz) através de lentes convergentes potencializando a força desta luz e afinando a espessura de seu raio – que é mais fino que um fio de cabelo novo – só sendo medido em escala de mícron (1000 unidades = 1mm).
Toda esta tecnologia pode e é aplicada nos campos da Ciência, tecnologia de precisão como a Informática, Medicina com equipamentos voltados para a cirurgia e também na indústria militar como em minas, sensores, rastreadores e, principalmente, em equipamentos de visão noturna ou de baixa capacidade de definição a olho nu.
O fascinante tema deste nosso enredo nos propiciará a geração de belas imagens em nosso desfile e, temos certeza, encantará os olhos de todos com a beleza de nossas fantasias e a criatividade das nossas alegorias reforçando a afirmação que fazemos em nosso título: Na Ótica do meu Império o foco é você, o público que nos assiste!

Roberto Szaniecki.